O Brasil visto de fora – pequeno comentário sobre a reportagem de Federico Rampini

O Brasil visto de fora – pequeno comentário sobre a reportagem de Federico Rampini

Um título tem que ser sintético, e seria naturalmente muita presunção de minha parte tentar explicar tudo o que se pensa do Brasil na Europa. Os pontos de vista são parciais por definição. Mas é interessante remarcar alguns aspectos.

Do Brasil se fala relativamente muito, e por razões novas. Não é mais apenas questão de futebol, carnaval e mulheres bonitas e sorridentes. Tem, é claro, o crescimento econômico, mas isso não seria suficiente para explicar a verdadeira transformação que a imagem do Brasil está tendo no exterior; uma transformação da qual falo com prazer, exatamente por achar que muitos brasileiros não a estão percebendo. Alguns apenas por falta de informação; outros, por ainda estarem ligados a alguns estereótipos segundo os quais,  nos países assim ditos desenvolvidos,  a opinião que se tem  sobre  o Brasil depende principalmente de qual parcela da população sabe falar inglês ou de quantas crianças conseguem fugir da escola pública para ir estudar no colégio suíço ou americano.

Na verdade, o que constitui “a característica mais importante, que torna o Brasil um caso único”, nas palavras de Federico Rampini, é o fato de que enquanto nos últimos quarenta anos no mundo inteiro, quase sem exceções, a desigualdade – a pobreza dos pobres e a riqueza dos ricos – não parou de crescer sequer por um dia, o Brasil se pôs na contramão, demonstrando a todos que um caminho diferente é possível.

Essa mudança de imagem tem uma data de nascimento: em Janeiro de 2001 uma cidade brasileira promoveu e sediou o primeiro Fórum Social Mundial. Desde então, o nome de Porto Alegre é conhecido no mundo inteiro, e ligado indissoluvelmente a uma idéia de progresso, de participação e de justiça social. É isso que hoje desperta a admiração e até a inveja de muitos no mundo, em relação ao Brasil: que um país onde a desigualdade, ou, para falar de um jeito mais sincero,  a injustiça era provavelmente a maior do planeta, tenha conseguido, por decisão própria e sem condicionamentos, entrar no caminho (ainda muito longo!) que une a prosperidade à inclusão, à transformação e ao progresso social.
Marco De Liso
italianonline

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